8 de jul. de 2010
PARA LER O PATO DONALD - Créditos ao blog O Sebo Digital
Da "orelha":
As histórias em quadrinhos (ou comics para os norte-americanos, bandes dessinées para os franceses e fumetti para os italianos), embora existam desde 1895, somente a partir de 1960 passaram a ser reconhecidas como importante meio de comunicação, ao serem "descobertas" por intelectuais europeus como Alain Resnais, Jean-Luc Godard, Cesare Zavattini, Claude Lelouch, Damiano Damiani, Picasso, Fellini e outros.
Dorfman e Mattelart, em Para ler O Pato Donald, comprovam como Disney, com toda a sua galeira de personagens inteligentemente "dirigidos", tornou-se parte de nossa habitual representação coletiva.
No Chile, por ocasião do terremoto de julho de 1971, as crianças da cidade de San Bernardo mandaram revistinhas Disneylândia a seus compatriotas de San Antônio, vitimados pela catástrofe sísmica.
A atividade da empresa de Disney, porém, não se circunscreve às revistas de quadrinhos, mas a tiras diárias em cadeias de jornais, suplementos coloridos dominicais, filmes de animação de curta e de longa metragem, filmes com personagens "vivos", curta-metragens "educativos", programas semanais em televisão, documentários de longa-metragem, áudio-visuais, discos, venda de royalties, além dos decantados e turísticos parques de diversões Disney World e Disneyland.
Foi divulgado recentemente na imprensa que, depois da morte de Walt Disney, em 1966, o faturamento de seus empreendimentos comerciais havia crescido de 116 milhões de dólares para 329 milhões e que os lucros de 12 milhões haviam passado a 40 milhões de dólares. O império Disney, em termos de comunicação de massa, é algo que provoca reflexão e - por que não dizer? - um pouco de susto também, quando se pensa nas injeções diárias de doutrinação que recebem crianças e adolescentes de todo o mundo.
No universo de Walt Disney ninguém trabalha para produzir. Todos compram, todos vendem, todos consomem, mas nenhum desses produtos parece ter custado qualquer esforço. A grande força de trabalho é a natureza, que produz objetos humanos e sociais como se fossem naturais. A origem humana do produto é sumariamente suprimida. O processo de produção desapareceu. A simetria entre a falta de produção biológica direta e a falta de produção econômica não pode ser casual e deve ser entendida como uma estrutura paralela única que obedece à eliminação do proletariado - a verdadeira origem dos objetos, ou, no dizer de Gramsci, o elemento viril da história, da luta de classes e do antagonismo de interesses. Walt Disney é um exorcista da história: expele o elemento reprodutor social (e biológico) e fica com seus produtos amorfos, sem origem, inofensivos, sem sangue, sem esforço, sem a miséria que esses produtos criam na classe proletária.
Walt Disney e seus veículos massivos de comunicação vêm funcionando há anos como "lagavagem cerebral" de populações infanto-juvenis no mundo inteiro. E isso é ou não é assustador?...
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